4 passos para saber como ler corretamente o rótulo dos alimentos para pets 8 min de leitura

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Médica-veterinária dá dicas para saber escolher a melhor opção de acordo com a espécie, fase de vida, porte e necessidades específicas de cães e gatos
 

 Ler o rótulo antes de comprar um alimento já virou hábito para muita gente: calorias, ingredientes, valores nutricionais — tudo é levado em conta na hora de escolher o que vai para o nosso prato. Mas e na hora de alimentar o pet? Será que os tutores têm o mesmo cuidado? Saber interpretar as informações da embalagem é fundamental para oferecer uma alimentação de qualidade, segura e adequada às necessidades de cães e gatos. 

Segundo Mayara Andrade, médica-veterinária de Biofresh, marca Super Premium Natural da BRF Pet, o rótulo do alimento é, antes de tudo, uma ferramenta de informação nutricional. “É uma forma de entender o que o alimento oferece. Ele mostra informações obrigatórias e importantes para a nutrição dos pets, como a composição básica dos ingredientes, níveis de garantia e enriquecimento do produto, além da sua indicação, ou seja, para qual espécie, fase da vida e porte aquele alimento foi formulado”, explica. 
 

Para ajudar os tutores nessa tarefa, a profissional indica quatro passos fundamentais que podem ser seguidos para “descomplicar” a interpretação dos rótulos e focar a atenção ao que realmente importa. “O essencial é que o tutor saiba o que olhar e consulte o médico-veterinário que acompanha o pet ou o fabricante para tirar dúvidas”, explica. 

 
Passo 1: analise da embalagem. O que ela traz? 

“Ao analisar a embalagem do alimento, a gente encontra muito mais do que somente os dados do fabricante. Os rótulos trazem informações importantes que irão auxiliar na melhor escolha para o pet. É importante explorar integralmente esses dados”, explica Mayara. 
 

Na embalagem, segundo a profissional, o tutor deve avaliar, principalmente, as seguintes informações: 

  • Classificação Mercadológica do alimento, ou seja, o segmento do qual faz parte: ele pode ser Super Premium Natural, Super Premium, High Premium (também conhecido como Premium Especial), Premium ou Econômico (também conhecido como Standard). 
  • Níveis de garantia
  • Instruções de armazenamento
  • Recomendação de uso, como quantidade recomendada e como oferecer
  • Tipo de alimento: qual a finalidade desse alimento: alimentação completa ou snack? 

Passo 2: verifique o tipo de alimento. Como escolher? 

Segundo a médica-veterinária, cães e gatos precisam ingerir mais de 40 nutrientes essenciais todos os dias. Por isso, para que um alimento seja ideal, além dos nutrientes essenciais, ele também precisa fornecer a energia adequada à necessidade do pet: 

“Esse tipo de alimento chamamos de completo. Então, é fundamental entender se o alimento é completo ou se é um complemento alimentar, como um petisco, que não deve substituir a refeição principal. Também é importante verificar para quem aquele produto foi feito: Filhotes, adultos ou idosos? Castrados? Peles sensíveis? Ou ainda se é uma alimentação para auxiliar no tratamento de alguma doença, (como alergias, obesidade ou outras doenças que precisem de uma nutrição específicas)?“, orienta. 

Os alimentos podem ainda ser classificados de acordo com a sua função, ou seja, pelo tipo do alimento. Segundo o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os alimentos podem ser classificados em: 

  • Alimento completo: é aquele que tem todos os nutrientes que o pet precisa no dia a dia. Ele pode também ter ingredientes chamados de funcionais para promover benefícios além da nutrição básica, como por exemplo redução do odor das fezes. 
  • Alimento coadjuvante: conhecido popularmente como terapêutico ou medicamentoso. Entretanto, é uma combinação de nutrientes feita especificamente para auxiliar no tratamento de algum distúrbio ou doença, como doenças renais ou alergias. Apesar de auxiliar no tratamento, não há a adição de nenhum princípio ativo nele. 
  • Alimento específico: é aquele usado como agrado, petisco ou recompensa. Ele não substitui a alimento do dia a dia, mas pode ter ingredientes que trazem algum benefício extra. Nesse caso, o indicado é que até 10% das calorias do dia sejam destinadas para esse tipo de alimento. 

Passo 3: avalie os nutrientes. Como ler e entender o rótulo de um alimento? 

“O rótulo mostra os ingredientes usados para fazer o alimento do pet, ou seja, sua composição. Mas só olhar a tabela com os números não é o suficiente — é importante prestar atenção na lista de ingredientes, porque é ela que revela de onde vêm os nutrientes que o pet precisa para se manter saudável e bem nutrido”, orienta Mayara. 

Segundo ela, essa avaliação técnica dos nutrientes do rótulo deve sempre seguir a seguinte ordem. Além disso, Mayara dá dicas sobre o que avaliar em cada um deles: 

  • Gordura, também chamada de Extrato Etéreo: ela fornece energia e é a maior fonte de energia do alimento e desempenha papel importante para a saúde da pele, pelagem e função celular. “Animais mais ativos ou em crescimento precisam de mais gordura. Já os castrados, em programas de perda de peso ou com problemas que necessitem de uma restrição de gordura, devem receber alimentos com perfil nutricional com menos gordura”. 
  • Proteína, chamada de Proteína Bruta: a proteína tem uma grande importância nutricional, já que é fundamental para diversas funções, como a estruturação das células do organismo, entre elas os anticorpos e também a formação dos pelos. “Mas a qualidade da proteína, sua digestibilidade e se ela fornece todos os aminoácidos essenciais em quantidades adequadas são mais importantes que sua quantidade e dependem diretamente da qualidade dos ingredientes utilizados. Então a preocupação central não deve ser a quantidade de proteína e sim de onde vem essa proteína”. 
  • Matéria Fibrosa: ela contribui para o funcionamento intestinal e saciedade. No caso dos gatos, também ajuda na eliminação de bolas de pelo. “Dependendo da sua quantidade, vai exercer uma função diferente. O ideal é que o alimento apresente um mix de tipos e quantidades de fibra, para que se tenha o melhor de cada uma delas”. 
  • Matéria Mineral: representa a quantidade de minerais que encontramos no alimento. Vale lembrar que os minerais são importantes para o correto funcionamento do organismo pois atuam como facilitares das reações orgânicas vitais. “O teor de matéria mineral recomendado é em torno de 8% para cães e gatos, incluindo filhotes”. 
  • Cálcio e fósforo: “observar o Cálcio (Ca) e o Fósforo (P) é fundamental, especialmente em filhotes e em animais idosos. Lembrando que a relação cálcio e fósforo é importante e a recomendação muda de acordo com a necessidade de cada fase de vida. Para gatos, o controle de minerais adicionados na formulação é uma importante ferramenta para ajudar com controle do pH urinário, sendo utilizado para contribuir com a saúde do trato urinário de gatos saudáveis.”. 
  • Umidade: é a quantidade de água que o alimento contém. Os alimentos também podem ser classificados de acordo com seu teor de umidade: seco, semi-úmidos e úmidos. 
  • Ingredientes funcionais: são ingredientes considerados não essenciais, ou seja, sua presença na dieta do pet não é obrigatória, porque o organismo consegue obtê-los através de outros nutrientes. “Porém, quando estão presentes, eles contribuem para a saúde. Por isso, os ingredientes funcionais são incluídos nas dietas de acordo com as características de cada espécie, fase de vida, porte e necessidades específicas”. 
  • Energia metabolizável: esse não é um dado obrigatório no rótulo. É a energia a ser aproveitada, descontada as perdas fisiológicas pelas fezes, urina e gases. “Essa informação é importante para a escolha do alimento mais adequado e para o cálculo da quantidade diária a ser oferecida”. 

Passo 4: Como usar a tabela de quantidade diária? 
 

Essa parte ajuda o tutor a oferecer a porção correta de alimento para o pet, levando em conta o porte, idade, nível de atividade e ambiente onde vive. “Mas vale lembrar que a tabela de recomendação diária é um ponto de partida e ajustes para mais ou menos do recomendado nas embalagens podem ser necessárias de acordo com as características individuais do pet. O ideal sempre é calcular para manter o peso ideal e a saúde do pet em dia”, acrescenta Mayara. 

O papel do médico-veterinário na escolha do alimento 

Segundo Mayara Andrade, por mais que ler o rótulo seja um ponto importante para qualquer tutor, nada substitui a consulta com um médico-veterinário. “Só o veterinário pode avaliar as necessidades específicas de cada pet e indicar o alimento e quantidade mais adequados”, finaliza Mayara.