A vida de um cão-guia: o que acontece após a aposentadoria?3 min de leitura

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A trajetória do melhor amigo do homem que tem o nobre trabalho de garantir mais liberdade e sensação de segurança ao seu companheiro

Segundo dados do IBGE de 2010, no Brasil, existem 6,5 milhões de pessoas com alguma deficiência visual, e aproximadamente duzentos cães-guias com a tarefa de conduzi-los até os lugares.  A causa desse número reduzido é motivada por alguns fatores, como: o baixo investimento para o treinamento dos animais e, principalmente, pela falta de famílias voluntárias para recebê-los durante o período inicial de formação.

Do nascimento à aposentadoria

Nascidos na maternidade do Centro de Treinamento de Cães-Guias do Instituto Magnus, após aproximadamente dois meses de vida, os filhotes são acolhidos por famílias voluntárias, chamadas de socializadoras, que têm um papel essencial no primeiro ano de vida dos futuros cães-guias: elas têm o compromisso de expor os cães a uma rotina diária, que conta com tarefas como ensinar o filhote a se comportar em determinados lugares e também apresentar situações. As famílias introduzem o filhote a sua rotina e o integram em transporte coletivo, idas ao banco, passeios em espaços públicos, convivência com outros animais e pessoas, entre outras atividades sociais. Todos os custos, desde alimentação, medicamentos, acompanhamento veterinário e adestramento são de responsabilidade do Instituto.

Após o período de aproximadamente um ano de socialização, os cães retornam ao Centro de Treinamento e iniciam o treinamento específico para se tornarem cães-guias. O processo todo dura cerca de 18 meses e, enquanto o cão está sendo preparado, o Instituto busca uma pessoa com deficiência visual e realiza análises de compatibilidade de perfil e comportamento para formar as futuras duplas. Feito esse match, as duplas passam por um treinamento para adaptação, que dura cerca de 30 dias, divididos em duas partes. Durante os primeiros 15 dias, o treinamento é realizado 24 horas por dia e executado no Complexo, que conta com mais de 1km de calçadas, onde são colocados obstáculos como cones e cavaletes, para que simule situações e a pessoa com deficiência visual pratique as tarefas com o cão. Depois deste período, a adaptação continua na rotina de cada pessoa e a equipe técnica acompanha para que as atividades sejam feitas em condições reais.

Os profissionais do Instituto Magnus acompanham tudo de perto e após a entrega, realizam visitas periódicas para acompanhar a dupla e se certificar de que tudo está correndo bem.

É importante ressaltar que o Instituto Magnus preza pelo bem-estar dos cães e, ao longo deste treinamento, se identificada alguma questão que impeça o cão de seguir a profissão, ele pode ser direcionado para outra atividade ou desligado do programa.

Em geral, os cães-guias trabalham por aproximadamente 8 anos e sempre são avaliadas as condições de saúde dele e do seu dono. A decisão de aposentá-lo varia de caso a caso e é tomada junto com a Instituição. Quando finalmente chega a hora de parar de trabalhar, o cão pode continuar com o seu companheiro, ou pode também ser adotado por um familiar ou amigo, para aproveitar a sua aposentadoria como um bicho de estimação e continuar a receber todo o carinho e atenção que merece, inclusive, pelo lindo trabalho prestado.

O cão-guia pode ser uma ferramenta de mobilidade de pessoas cegas e com baixa visão. Atualmente, a lista de interessados em receber um cão-guia pelo Instituto Magnus está em quase 350 e para doá-los são estabelecidos alguns critérios de avaliação, considerando a necessidade, a região atendida, preferencialmente, e a mobilidade do candidato.

*George Thomaz Harrison é instrutor de cão-guia do Instituto Magnus

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