Animais de rua: um problema que demanda participação coletiva3 min de leitura

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Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CRMV-SP) alerta sobre problemas e aponta soluções para melhorar o cenário de animais de rua nas cidades

A grande quantidade de animais nas ruas das cidades ainda é um problema sem solução. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem mais de 30 milhões de animais abandonados no Brasil, entre cães e gatos.

Em virtude desse cenário, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) alerta sobre estes problemas e aponta medidas que visam diminuir os casos de abandono, proliferação e contaminação de doenças relacionadas aos animais de rua. Segundo o presidente da Comissão de Políticas Públicas do CRMV-SP, Carlos Augusto Donini, “o debate e a solução efetiva desses desafios devem envolver população, órgãos públicos, universidades e ONGs”.

As soluções apontam em quatro direções:

  • A consolidação e atualização dos dados que norteiam os programas de controle;
  • A identificação (classificação) e localização dos animais ditos abandonados (uma vez que são confundidos com os “semidomiciliados”, que vagam pelas ruas, mas tem proprietários);
  • A atitude de negligência e irresponsabilidade de indivíduos que não mantém a guarda adequada e  segura de seus animais;
  • Ausência de uma efetiva política pública integrativa, consorciada e participativa sobre Proteção e Saúde Animal.

Atualmente os focos de combate a esse problema concentram-se quase que unicamente nas castrações e vacinações. “Há muito por fazer. Essas ações isoladas não são eficazes a médio e longo prazos. Sem um programa completo e continuo sistematizado não haverá avanços significativos”, pondera o médico-veterinário.

Os reflexos para a população

Além dos problemas sofridos pelos próprios animais de rua, a população também pode ser afetada. Segundo a presidente da Comissão de Saúde Pública do CRMV-SP, Adriana Vieira, o contato direto com esses animais pode expor o indivíduo a riscos elevados de zoonoses, ou seja, de doenças que são transmissíveis aos seres humanos.

“Outro risco é desse animal, estando arredio, acabar atacando. Sem falar de outros agravos ao ser humano como, por exemplo, os acidentes de trânsito, quando o motorista tenta desviar de um animal”, comenta.

Segundo o CRMV-SP, é recomendável à população entrar em contato com prefeitura para verificar se há algum serviço responsável pelo recolhimento ou cuidados com esses animais. Em algumas cidades, inclusive, existem programas comunitários voltados a animais. Em caso de interesse no resgate é importante que sempre se busque a orientação de um médico-veterinário.

Animais de rua e os animais silvestres

Além do contato com os seres humanos, os cães e gatos também se relacionam com os animais silvestres, localizados em parques e áreas de florestas urbanas. E as consequências deste encontro são prejudiciais a ambos os lados na maioria das vezes.

“Quando os animais de rua acabam entrando nas áreas verdes e parques naturais, onde vivem os animais silvestres, eles predam a fauna. Ou seja, comem as espécies. Os gatos, por exemplo, comem muitas aves. Já os cães atacam veados, ouriços, macacos, entre outras espécies que vivem na área urbana”, afirma o presidente da Comissão de Médicos-Veterinários de Animais Selvagens do CRMVSP, Marcello Nardi.

Além da predação, que também pode ser inverso (ou seja, animais selvagens que atacam os animais domésticos), outro risco gerado pela população de animais de rua é a transmissão de doenças como, por exemplo, a cinomose, a parvovirose e a sarna. “Já vimos casos de cinomose em cachorro do mato, em quati; sarna de cão em cachorro-vinagre; sarna notoédrica (comum em gatos) em gambás”, exemplifica o Dr. Nardi.

 

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