Como a dor afeta a saúde dos cães?
A identificação precoce e o tratamento adequado são essenciais para preservar a qualidade de vida do pet
A dor em cães, seja por conta da recuperação pós-cirúrgica, doenças crônicas ou lesões gera impactos substanciais na qualidade de vida dos animais. “Embora essa seja uma reposta fisiológica natural do organismo, quando não tratada adequadamente, a dor persistente pode levar a uma resposta inflamatória prolongada, que impacta negativamente o sistema imunológico, tornando o animal mais vulnerável a infecções e outras doenças”, detalha Karina Rangel, médica- veterinária coordenadora de produtos da Avert Saúde Animal.
Além disso, o estresse associado ao quadro pode alterar os níveis hormonais, como o aumento de cortisol, o que pode afetar a função adrenal e o equilíbrio metabólico do pet. A dor também pode comprometer a circulação sanguínea e a oxigenação dos tecidos, resultando em problemas cardíacos e respiratórios em casos mais graves. Desta forma, o reconhecimento precoce e o manejo adequado do problema são fundamentais para garantir o conforto e a saúde geral dos animais.
“Os cães, por sua natureza, são criaturas resilientes, o que pode dificultar a identificação da dor. Diferente dos humanos, que podem verbalizar seu sofrimento, os animais utilizam sinais comportamentais para expressar dor. Mudanças no apetite, relutância em se mover, alterações no comportamento social ou até mesmo vocalizações incomuns podem indicar que o pet está sofrendo”, afirma a profissional.
No caso da dor crônica, que pode ser causada por condições como artrite, displasia coxofemoral ou câncer, pode ser ainda mais difícil de identificar esses sintomas, pois o cão pode se acostumar com o desconforto ao longo do tempo. Portanto, a observação atenta do comportamento do animal e visitas regulares ao médico veterinário são essenciais para detectar o quadro de forma precoce e eficaz.
“Além do sofrimento físico imediato, a dor crônica pode levar à perda de mobilidade, impedindo o cão de realizar atividades rotineiras, como caminhar, brincar ou até mesmo interagir socialmente. O distúrbio também pode afetar o comportamento emocional, resultando em maior irritabilidade, apatia ou até depressão. Em casos extremos, a dor severa e prolongada pode afetar negativamente o sistema imunológico do animal, tornando-o mais suscetível a outras doenças”, explica Karina.
O manejo da dor em cães envolve uma abordagem multifacetada que engloba medicamentos, terapias físicas, ajustes na dieta e modificações no ambiente. “Os analgésicos são frequentemente prescritos. Adicionalmente, terapias como acupuntura, fisioterapia e hidroterapia têm mostrado eficácia no alívio da dor, especialmente em cães com doenças musculoesqueléticas. O controle do peso também desempenha um papel importante, pois o sobrepeso pode aumentar a pressão sobre as articulações, agravando o quadro”, elucida.
Pequenas modificações no ambiente, como proporcionar camas ortopédicas e rampas para evitar esforço excessivo, também são uma estratégia importante no manejo da dor. É importante que o tratamento seja individualizado, levando em consideração as necessidades e condições específicas de cada cão.
Prevenir a dor é um aspecto que faz parte da gestão da saúde canina. O cuidado adequado das articulações, uma dieta equilibrada e a manutenção de um peso saudável podem reduzir o risco de desenvolvimento de condições dolorosas, como a osteoartrite, por exemplo. Além disso, a prevenção de lesões, a castração precoce e a vacinação também desempenham um papel importante na prevenção de doenças que podem levar à dor, como infecções e tumores”, afirma Karina.
A conscientização sobre a dor em cães é um passo fundamental para melhorar a qualidade de vida dos animais. Muitos tutores de cães não estão cientes sobre os impactos de uma condição dolorosa não tratada. Por isso, é essencial o monitoramento regular da saúde do animal, com consultas veterinárias periódicas que permitem a detecção precoce de problemas que possam causar dor, permitindo intervenções rápidas e eficazes.