O pet é nosso: como casais podem lidar com o comportamento animal e evitar disputas 3 min de leitura

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Especialista orienta sobre limites, rotina e afeto saudável na criação conjunta de cães e gatos 


Ter um pet compartilhado pelo casal pode ser uma das experiências mais amorosas da vida a dois, mas também pode trazer desafios quando o assunto é comportamento, educação e favoritismos. Com a chegada de datas comemorativas, como o Dia dos Namorados, a convivência entre tutores e animais de estimação ganha ainda mais destaque, especialmente em lares onde cães ou gatos já fazem parte da família. 

Segundo o professor Brener Amadeu, do curso de Medicina Veterinária da Una Catalão, os animais são extremamente sensíveis à dinâmica emocional da casa e às diferenças de conduta entre os tutores. “O pet não entende a hierarquia humana como nós, mas reconhece quem alimenta, brinca, impõe limites e oferece segurança. A partir disso, ele constrói vínculos e estabelece quem lidera em determinadas situações”, explica. 

Regras claras evitam confusão 

Uma das principais armadilhas para casais que compartilham a guarda de um pet é a incoerência nas regras. Enquanto um tutor permite que o animal suba na cama, o outro pode proibir, por exemplo. “Essa inconsistência confunde o animal, que pode desenvolver ansiedade, testar limites e até assumir uma posição de controle. Em alguns casos, isso pode gerar desobediência ou comportamentos agressivos e possessivos”, alerta o professor. 

Amadeu orienta que o casal trate a criação do pet como um projeto em comum, com regras alinhadas, divisão de tarefas e rotinas bem definidas. Isso inclui alimentação, passeios, higiene, comandos e idas ao veterinário. “É importante agir com coerência, mas também com empatia. O animal não deve ser usado como desculpa para disputas ou desentendimentos entre o casal”, reforça. 

Preferência por um dos tutores 

Muitos tutores se perguntam por que o pet parece “preferir” um dos parceiros. Para o professor, isso geralmente tem relação com o tipo de interação. “O animal tende a se apegar mais a quem oferece estímulos positivos. Mas isso não significa rejeição ao outro tutor”, diz. 

Entretanto, quando o animal ignora, evita ou demonstra agressividade com um dos tutores, é sinal de que há algo desajustado na convivência. “Nesses casos, é importante observar a relação como um todo e, se necessário, procurar ajuda profissional”, recomenda. 

Comportamentos que sinalizam estresse ou conflito 

Segundo o especialista, mudanças comportamentais podem indicar que o animal está sendo afetado por disputas internas no relacionamento. Entre os sinais estão: agressividade ou possessividade com um dos tutores, marcação de território dentro de casa, ansiedade, vocalizações constantes, mudanças de apetite e comportamentos compulsivos, como lamber as patas ou destruir objetos. 

“Nesse cenário, o ideal é que ambos os tutores participem do manejo comportamental, mantendo uma postura firme, calma e evitando reforçar atitudes indesejadas. Sessões de adestramento conjunto e uso de reforço positivo são estratégias eficazes para restabelecer o equilíbrio”, afirma. 

Rotina, disciplina e afeto na medida certa 

Equilibrar amor e disciplina é fundamental. “Ter uma rotina estruturada, com horários para alimentação, descanso e brincadeiras, é essencial para a saúde física e emocional do animal. Isso oferece segurança e evita a confusão de papéis que a humanização excessiva pode causar”, pontua. 

O professor destaca que tratar o pet como um bebê pode parecer fofo, mas prejudica o desenvolvimento emocional do animal, gerando ansiedade, dependência, dificuldade de socialização e até distúrbios comportamentais. “A melhor forma de amar um animal é respeitar sua natureza”, finaliza.