As idas periódicas ao veterinário são um verdadeiro desafio para os felinos. Afinal, esses animais sentem-se extremamente estressados fora de seu ambiente natural. Sem o cuidado adequado, uma simples visita ao consultório pode se transformar em um verdadeiro caos.
Por conta disso, cada vez mais os tutores de gatos procuram por clínicas adeptas das práticas Cat Friendly. O conceito, desenvolvido pela Associação Americana de Medicina Felina, engloba uma série de medidas para melhorar o atendimento, tratamento, manejo e ambientação de espaços veterinários. Seu principal objetivo é assegurar o bem-estar dos animais durante o atendimento.
“Uma clínica Cat Friendly é aquela que está preparada para receber um felino, levando em consideração as necessidades específicas do animal. Para isso é necessário desde a adaptação do espaço, até o treinamento da equipe. Dessa forma será possível atender ao paciente felino e seu tutor gerando o menor nível de estresse possível”, explica a médica veterinária e Gerente de Produtos da Ceva Saúde Animal, Priscila Brabec.
O médico veterinário especialista em felinos, Alexandre Daniel, reforça que alguns cuidados são imprescindíveis para ambientar os animais e deixa-los à vontade durante a consulta. “É preciso entender o gato como uma espécie diferenciada e colocar-se em sua perspectiva, para compreender suas particularidades. Dessa forma será possível realizar adaptações no ambiente e modificações de conduta”, afirma.
Criar um ambiente que respeite as características do felino, o uso de análogo sintético do odor natural que os gatos liberam quando esfregam a cabeça em objetos na clínica e o investimento em salas exclusivas direcionadas ao seu atendimento são algumas das medidas que devem ser adotadas. Além disso, o preparo da equipe é fundamental. “É muito importante que toda a equipe envolvida entenda e respeite as diferenças do gato como paciente. Dessa maneira, o trabalho será realizado de forma homogênea e todo o processo de admissão e atendimento do felino será mais amigável”, conta Alexandre.
E o papel do tutor?
O tutor também desempenha um papel fundamental para que a visita ao veterinário seja menos desafiante para o pet. A preparação adequada e o transporte correto são fatores determinantes para manutenção do bem-estar do animal.
“É importante, por exemplo, que o tutor tenha acesso e siga a correta orientação sobre a caixa de transporte, desde sua adaptação e uso em casa, até o correto manejo do item”, conta Daniel.
Além dos cuidados durante o percurso, o tutor também deve se atentar a conduta durante a espera e atendimento. Evitar ficar movimentando o felino bruscamente enquanto está na recepção e colocar a caixa de transporte ao seu lado são algumas medidas que podem auxiliar a manter o conforto do pet.
Outro ponto importante é manter a calma durante o procedimento. “Especialmente em situações emergenciais é comum que o tutor fique mais apreensivo. Nessas situações, o responsável pelo atendimento deve ter o discernimento de entender se o proprietário por acabar influenciando no comportamento e atitude do gato, e tentar acalmar o mesmo, explicando detalhadamente o que irá fazer, ou em casos mais extremos, pedir para que aguarde em outro recinto, e que confie na equipe de profissionais frente aos procedimentos executados”, explica Daniel.
Além de auxiliar a diminuir o estresse do tutor e do pet, idas regulares ao veterinário são fundamentais para os felinos. “A medicina preventiva é imprescindível para os gatos. Muitos tutores só levam o animal ao consultório quando estão doentes. O ideal é que o pet passe, ao menos, uma vez ao ano por uma avaliação”, afirma Daniel.
Mas, e as clínicas com atendimento misto?
As clínicas mistas, ou seja, que realizam o atendimento de cães e gatos, são muito comuns. Mas, mesmo nesses espaços é fundamental criar um ambiente onde o felino possa se sentir à vontade.
“Nos locais onde existe a possibilidade, minhas primeiras sugestões são de separar uma área da recepção para a permanência exclusiva dos felinos, além de destinar uma sala de atendimento somente para a espécie. Onde não é possível destinar parte da recepção aos gatos, o ideal é agendar determinados horários somente para o atendimento dos felinos. Isso ajudará ajudar a reduzir o estresse da presença de cães, por exemplo”, explica Alexandre.