CRMV-SP orienta como viajar com seu pet de carro ou avião6 min de leitura

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Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há mais de 52 milhões de cães e 22 milhões de gatos no Brasil. E 61% dos tutores desses animais os consideram como membros da família – o que explica o fato de ser cada vez mais comum o planejamento de viagens com os pets, para que eles participem das férias da família.

Para que esta experiência seja tranquila, tanto para os animais quanto para os tutores, os médicos-veterinários do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) dão algumas orientações e esclarecem dúvidas frequentes neste período.

Pré-requisito: saúde em dia

“Antes de viajar com seu cão ou gato, uma visita ao médico-veterinário é muito importante para garantir que ele está em boas condições de saúde. Isso inclui observar se as vacinas e a vermifugação estão em dia, se ele está com alguma medida preventiva atualizada para evitar pulgas ou carrapatos e se não apresentou mudanças de comportamento recentemente. Outra função importante do profissional é avaliar o destino da viagem, para receitar medidas protetivas de acordo. Por exemplo, se vai à praia, tem que se proteger contra a dirofilariose, a doença o verme do coração. Se vai a uma região endêmica, ver se precisa de proteção contra leishmaniose, entre outras”, explica Carolina Filippos, que faz parte da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP.

Limitações físicas, doenças, idade avançada e sobrepeso são alguns dos fatores que podem exigir repensar a ideia de viajar com o pet. Outra questão aconselhada pela especialista é uma reflexão prévia sobre a região da viagem, o trajeto necessário e o perfil do animal. “Meu cachorro ou gato se adapta facilmente a um ambiente novo? Ele está acostumado a passear com a família ou fica incomodado sempre que há uma alteração na rotina? Vamos para um lugar em que o animal passará muito calor? Ele poderá ser incluído nos planos de passeio das férias? Todas essas perguntas são relevantes para pensarmos se o bem-estar do pet será assegurado durante a viagem propriamente dita e nos dias fora de casa.”

Após uma avaliação cuidadosa e se estiver tudo bem, o médico-veterinário poderá emitir um Atestado de Saúde do Animal, que deve ser levado na viagem, junto com a carteira de vacinação do pet. “Ter em mãos um atestado de saúde emitido por um médico-veterinário é uma garantia a mais em casos de fiscalizações durante a viagem”, destaca Anne Pierre Helzel, assessora técnica médica-veterinária do CRMV-SP.

Mais um aspecto importante a levar em conta e que precisará da orientação do médico-veterinário, é se o pet toma alguma medicação controlada ou de uso contínuo. Nas situações em que o tratamento é mantido, a receita atualizada também deverá acompanhar a família. 

Segurança sobre quatro rodas

Para transporte de animais em carro, o Código de Trânsito Brasileiro prevê alguns cuidados. Animais no colo, no banco do carona ou com a cabeça fora da janela podem resultar em situações de risco, tanto para os pets quanto para os demais ocupantes do veículo, bem como multa.

Entre as opções permitidas, estão as caixas de transporte, que têm que ser adequadas ao tamanho do animal, acopladas ao cinto de segurança, com ventilação em todos os lados e porta e travas de ferro. Para cães maiores ou que não ficam em caixas, também existem cintos de segurança que podem ser ligados às guias. “Antes de sair para muitas horas de viagem, vale fazer um teste, para ver se o animal se adapta a esses acessórios. E se não sente enjoo em trajetos de carro”, lembra Carolina Filippos.

As pausas durante a viagem também são essenciais, a cada duas ou três horas ou quando o comportamento do pet indicar que é preciso. “Além de permitir que o animal ande um pouco e desestresse, as paradas são importantes para que o pet possa tomar água, se refrescar e fazer suas necessidades”, orienta a integrante da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais.

Deve-se observar, ainda, a temperatura do veículo durante a viagem. A dica é escolher os horários mais frescos do dia, para evitar o desconforto térmico do animal.

Segurança nas alturas

Se a viagem for de avião, o primeiro preparativo é verificar as regras da companhia aérea, pois as diretrizes podem variar de uma empresa para outra e conforme o destino final. Uma das exigências é o Atestado de Saúde do Animal, assinado por um profissional registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária.

Para o transporte internacional de animais, também serão solicitados outros dois documentos: o Certificado Veterinário Internacional (CVI), que deverá ser emitido para cada viagem que o animal for realizar, ou o Passaporte para Trânsito de Cães e Gatos, que poderá ser reutilizado em várias viagens. Ambos são emitidos de graça pelo Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Vale salientar que, para a concessão do passaporte, é obrigatória a identificação eletrônica do animal, por meio de um microchip.

As documentações possuem a finalidade de atestar as condições de saúde do animal e o cumprimento das condições sanitárias exigidas para o trajeto até o país de destino.

“A reflexão sobre a necessidade da viagem é ainda mais importante no caso do avião, pois o animal precisaria ficar mais tempo na caixa de transporte, no compartimento destinado aos animais, ou mesmo na cabine junto com os tutores, enfrentando diferença de pressão e barulho”, alerta Carolina Filippos.

Já quando se fala em viagens de navio, animais como passageiros são mais raros, afinal a maior parte das companhias não permite – a não ser nos casos de cães-guia.

Outras dicas

Independentemente do pet ser treinado e manter a calma durante viagens, uma precaução a ser tomada antes de sair de casa é providenciar uma identificação para a coleira do pet, inserindo nome, endereço e contato dos tutores.

Por fim, na visita ao médico-veterinário, este profissional também poderá auxiliar o tutor na montagem de um kit de primeiros socorros personalizado, de acordo com as características de cada pet. “Os medicamentos imprescindíveis vão depender do animal. De modo geral, podemos indicar analgésicos, antieméticos (contra enjoos), anti-histamínicos (para reações alérgicas), pomada cicatrizante e colírio lubrificante, sempre com exame prévio de um médico-veterinário para atestar que o pet está em condições de receber tais medicações”, explica Carolina.

Além de medicamentos, a médica-veterinária indica a inclusão de insumos para pequenos curativos, como soro fisiológico para lavagem de feridas, solução antisséptica, esparadrapo microporado, gazes e bandagem. Tudo isso contribuirá para uma viagem mais tranquila, com momentos de lazer para todos.

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