1) Em que momento da vida de cães e gatos eles entram na fase idosa?
Depende da raça, no caso dos cães. Raças maiores têm vidas mais breves, enquanto cães pequenos vivem mais. Em geral, consideramos que cães acima de 7 anos são considerados idosos. Os gatos têm uma expectativa de vida maior, mas também consideramos idosos acima de 7 anos.
2) Quais são as principais mudanças no comportamento de um pet idoso?
Em termos de comportamento, pets idosos desenvolvem um apetite mais seletivo, tornando-se mais difícil alimentá-los. Eles passam a dormir mais, pois têm menos energia e ficam mais cansados. O nível de atividade física também diminui. Alguns passam a ter declínios cognitivos de vários tipos, perdem a acuidade visual e auditiva, podendo perder completamente a visão e ficar surdos. Pode também ocorrer de desenvolver comportamentos diferentes e “esquecer” coisas que sempre souberam, como onde fazer xixi, fazendo no lugar errado, perder-se pela casa, não sabendo onde estão. Muitas vezes essa condição é chamada de “Alzheimer” canino.
3) De forma geral, quais cuidados devemos ter com um pet idoso? Levando em consideração que ele não tem doenças ainda.
Alimentação adequada para pets idosos, que é de mais fácil digestão. Também, adaptar comedouros e bebedouros para a altura adequada, de modo a favorecer a ingestão e digestão, bem como dar mais conforto à coluna vertebral. Comedouros e bebedouros baixos demais exercem pressão desnecessária na coluna. Deve-se observar quais aspectos da casa devem ser adaptados para as necessidades de mobilidade reduzida, como pisos lisos demais e obstáculos. No caso dos pisos, é importante adaptar superfícies antiderrapantes, manter em dia a tosa higiênica das patas para os cães de pelos longos, e tomar especial cuidado com escadas e desníveis pela casa. Fazer visitas mais frequentes ao veterinário, a cada 6 meses, procurando fazer sempre exames de rotina, a fim de prevenir doenças. Nas consultas, o veterinário deve observar as necessidades especiais de cada pet e prescrever suplementação ou tratamentos especiais, como fisioterapia, hidroterapia, acupuntura, entre outros. Especificamente para os gatos, prestar atenção no consumo de água, que deve ser em quantidade adequada, e oferecer alimentos úmidos, que não apenas tem um conteúdo líquido que favorece a absorção e digestão, mas que também podem ser de grande valia para o declínio do apetite. Também, observar se passam a fazer xixi e cocô em lugares “errados”, pois isso pode ser indicativo de algumas doenças.
4) Quais as doenças mais comuns nos cães idosos? E nos gatos?
Cães: artrite, o que impacta diretamente a mobilidade e grau de atividade física; cardiopatias, que podem ser diagnosticadas precocemente com exames de rotina. Quando o cão apresentar tosse e cansaço, é hora de ir ao veterinário. Acúmulo de tártaro, que pode ser prevenido com escovações e limpezas periódicas, mas que quando muito avançado pode trazer sérios danos à saúde, como doenças cardíacas e renais.
Gatos: doença renal, relacionada ao consumo insuficiente de água e manejo de caixa de areia (gatos detestam caixas sujas, e podem deixar de fazer xixi se a caixa estiver sem a manutenção adequada). Problemas de coluna, uma vez que gatos tem grande mobilidade e tendência a pular em locais altos. Assim como nos cães, o acúmulo de tártaro pode acarretar doenças graves, e o problema pode ser evitado com escovação e remoção profissional de tártaro.
5) É preciso fazer alguma mudança em relação a alimentação? E exercícios físicos? Em relação a gatos e cães.
A qualidade dos alimentos oferecidos é crucial, uma vez que tanto cães quanto gatos passam a ter cada vez mais dificuldade em absorver nutrientes. Escolher alimentos adequados para a fase sênior, que tem suplementos específicos para a idade, como condroitina, que protege articulações e favorece uma melhor mobilidade. Os alimentos para idosos tem também menores quantidades de carboidratos, pois com o declínio da atividade física, o organismo tem menores demandas de energia, e um excesso pode causar obesidade, assim como todos os problemas correlatos. As proteínas nos alimentos específicos para idosos são, idealmente, de alta digestibilidade, o que faz com que o alimento esteja mais disponível para absorção.
Quanto a exercícios físicos, é importante que os pets se mantenham ativos, dentro dos níveis com que estão acostumados, ou que façam algum tipo de trabalho físico, como fisioterapia, quando forem mais sedentários e precisarem de algum tipo de recuperação física.
6) Está certo dizer que animais idosos dão trabalho? Queremos falar um pouco sobre o abandono de animais idosos. Isso é comum?
Animais sempre tem necessidades especiais, independente da idade, mas com idade avançada esses cuidados tornam-se ainda mais importantes. Assim como com humanos, é preciso prestar especial atenção nas solicitações da idade, e suprir essas demandas. Pode ser frustrante para certos tutores, que passam a ter que dedicar mais tempo e recursos para os cuidados com seu pet. Assim, infelizmente vemos um índice mais alto de abandono de pets idosos. Porém, é cada vez mais comum que pessoas adotem cães e gatos idosos. Nesses casos, os novos tutores geralmente oferecem tudo o que há de melhor para esses senhores, até os últimos dias de suas vidas, uma vez que no momento da adoção estão cientes dessa situação.
7) Em que casos a eutanásia é indicada?
O CRMV aprova a eutanásia para qualquer doença que não tem cura, em situação em que o bem estar do animal estiver comprometido de modo irreversível. Do ponto de vista dos tutores, deve-se tentar todos os recursos disponíveis com a medicina veterinária moderna. Em esgotando esses recursos, deve-se observar o grau de sofrimento enfrentado pelo pet, e tomar a decisão com base na experiência dos profissionais de saúde envolvidos no caso.