Nos últimos dias, tenho percebido que o tema luto infantil tem despertado bastante interesse, por isso hoje darei continuidade a ele, acrescentando alguns pontos importantes que não foram abordados durante as entrevistas que concedi recentemente a alguns veículos de imprensa.
Quando a criança perde alguém querido, ou neste caso, seu bichinho de estimação, ela fica triste e confusa. O problema é que esta mesma morte também é sofrida por seus familiares que, abalados, muitas vezes ficam sem condições de manter a intensidade de cuidado e atenção que sempre dirigiram à criança. O importante é que, passado esse momento de crise, os pequenos voltem a sentirem-se seguros e bem cuidados.
Por volta dos três anos, é comum as crianças começarem a nos questionar a respeito da morte e, em muitos casos, a perda do animal de estimação é seu primeiro contato com a morte. Saber lidar com as perdas desde cedo é um aprendizado difícil e doloroso, porém fundamental para o desenvolvimento infantil. Portanto, aqui vão algumas dicas de como tratar de um assunto tão delicado e, ao mesmo tempo, tão necessário, da melhor maneira possível.
Em primeiro lugar, conte o ocorrido! Mais cedo ou mais tarde, a criança saberá de qualquer jeito. Não esconda, pois isso seria como excluí-la da família. Se as pessoas mais próximas a ela, as quais ela mais confia lhe omitirem a verdade, ela tomará isso como um modelo a seguir. Por isso, conte sempre a verdade de forma delicada e cuidadosa, oferecendo conforto, para que a criança possa compreender a morte com naturalidade, livre de tabus.
Uma estratégia para essa conversa é fazer analogia com histórias contadas em desenhos, livrinhos ou filmes infantis, ou até mesmo recorrer a soluções mais lúdicas, como a que o bichinho se tornou uma estrelinha no céu e por aí vai…
Também é muito importante respeitar o luto infantil. Deixe a criança exprimir sua tristeza, sem reprimi-la. Assim como os adultos, os pequenos também devem ter o direito de chorar e de sentir saudades. Só tome cuidado para que o ocorrido não os tirem de suas rotinas por muito tempo. Esteja sempre atento ao comportamento da criança para que esse luto não desencadeie algo mais sério. Observe alterações de apetite, sono, febre e choro sem motivo. Na ocorrência de um desses comportamentos, procure rapidamente um especialista.
E, por fim, jamais substitua o bichinho de estimação! Esta é uma medida extremamente equivocada a que muitos pais recorrem no sentido de amenizar ou evitar o sofrimento dos filhos. Como expliquei, a criança precisa se preparar para as diversas perdas que terá ao longo da vida e, por isso, é fundamental que ela aprenda que um dia tudo acabará. Se realmente a família estiver disposta a ter outro animal de estimação, procure dar um tempo, pelo menos para esperar a criança compreender direito o que houve com o antigo mascote e poder superar a dor dessa perda. Pode acreditar que tudo isso contribuirá e muito para o seu desenvolvimento.
*** Maria Cristina Basile Palermo é psicopedagoga e escreve para o Blog Educação e Hipismo, contando como uniu a psicopedagogia e o amor pelo hipismo na criação das filhas. Confira: www.educacaoehipismo.com.br